segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Embaralhado emaranhado.

Setúbal. Domingo de manhã cedo, o rio e o mar avistam-se como um espelho prometendo calor à tarde. 


Quando saio há uma neblina fresca que me dá jeito por causa do olho magoado. Sigo por uma rua desconhecida no percurso do Viso para o centro da cidade. 
Deparo-me com uma quadra popular de pobres protegidos por uma nossa senhora da saúde que encontro logo à frente. Sobe e desce de ruelas e becos que depois se tornam planos. 
Há qualquer coisa de Nápoles, ruas estreitas dominadas pela Camorra, e de Nice antiga, nestas ruas meio lúmpen. Mistura de casas restauradas e em degradação, roupa estendida, rádios ligados, conversas baixas que os homens dormem ainda. Estes, há os velhos engordados apesar do peixe e os novos tostados do sol, magros, muita tatuagem e pulseiras que denunciam maus caminhos passados e presentes. 
Ainda não são dez e pouca gente passa. Se fosse de noite, teria algum receio mas o truque é, tal como em Nápoles, fazermo-nos locais, havaianas e calções, nada no bolso ou nas mãos, que o tempo de Verão permite.
O centro está vivo de esplanadas e gente que vai e vem do mercado. Não está morta esta cidade. Dá gozo um passeio descobrindo cantos e encantos. Segui propositadamente pelas vias secundárias, menos cuidadas e mais pobres. No pensamento, a parecença com outras cidades do Mediterrâneo já percorridas. O mar está ali depois. Os montes verdes da serra ao longe ajudam a gostar-se.



27 de Julho

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