"Quando
Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado viu que se
transformara, durante o sono, numa espécie monstruosa de insecto."
Franz Kafka
Queria escrever sobre a oportunidade de mudança
profissional que se abre às pessoas em transição e acabei a reler “A Metamorfose”
de Kafka.
Esta não é apenas a história de um homem que se
transforma num insecto.
Escrita em 1912, é sobretudo uma história sobre a sociedade e os comportamentos humanos. Relata o universo de um homem
insatisfeito com o seu trabalho e a sua vida e como a sua transformação inesperada
leva a mudanças impensáveis à sua volta…
Há uma semana estive num evento da Beside, onde pessoas em transição discutem como se comportar para sobreviver neste mundo. Quase todos foram quadros superiores de empresas com cargos de chefia e têm mais de quarenta anos. E estão em mudança...
Gostei de ser surpreendida.
O Carlos Liz defendeu que a experiência que carregamos é preciosa porque é a experiência da mudança, de quem sai de um modelo antigo para um novo.
É um bem único, que deve ser aproveitado pela sua riqueza, uma vantagem competitiva, afinal. Uma imensa oportunidade para os mais velhos por viverem a trajectória da História. Ou seja, esta deve ser uma vantagem competitiva sobre os mais novos que não puderam viver outros tempos, outros modos de funcionar.
Filtro Tint sobre desenho de José Mateus |
Entretanto, passei os últimos dias a preparar uma apresentação sobre “como transformar uma organização numa marca”, tirando partido dos recentíssimos suportes de comunicação digital. Comunicar doutra forma tirando partido de suportes impensáveis há pouco tempo, sendo estes fantásticos facilitadores da transmissão da mensagem.
Uma oportunidade para fazer diferente.
Agora que estou em casa mais tempo, ligo a televisão pelas 20h para ouvir os telejornais. Já falei disto. Os alinhamentos são rigorosamente iguais e depressivos. A fraqueza dos conteúdos que massacram infinitamente os mesmos temas, apresentados da mesma forma, é uma tristeza.
Ainda
ontem, estava na cozinha a lavar legumes para fazer sopa, e ouvia alguma coisa
do que se dizia na sala. Qualquer um ficaria suicida, a seguir.
Até há poucos meses, não tinha tempo para ler, estudar e pensar por mim. Via coisas como problemas insolúveis que agora vejo como uma extraordinária oportunidade para fazer diferente.
A vida é mesmo complicada, não é? Ando cheia de ideias em que começo a acreditar com a crença dos fanáticos religiosos mas poderei não ter oportunidade de as aplicar.
Isto das oportunidades aplica-se a todos. Conheci uma jovem com quem colaborei a propósito da sua tese de mestrado sobre
storytelling. Voltámos a encontrar-nos no início deste ano. A jovem escreve e pensa bem,
podia trabalhar onde quisesse, digo eu. Mas persiste no seu caminho de
aprofundar os estudos e criar os seus próprios conceitos e caminhos. Tem 25
anos, profundidade e aparência. Será que, mais tarde, vai ter oportunidade de aplicar/fazer?
Volto à metamorfose. Já acordámos insectos mas não o sabemos.
Bem estruturado e elucidativo este texto...keep on going!
ResponderEliminarObrigada!
ResponderEliminarGrande texto. Parabéns,continua a escrever pois quero ler mais.
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