Nada é mais contagioso do que o
mal. Li na legenda de uma das
esculturas de Rui Chafes em exposição no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.
Faz pensar. É verdade. O mal
contagia-se muito mais do que o bem.
Quando ontem à tarde fui,
finalmente, ver a exposição O Peso do Paraíso de Rui Chafes, fui pela obra. A escultura. As dimensões. O
ferro. O ferro como se fosse leve. Impressiona, sem dúvida. Mas foi aquela frase que marcou a visita.
Lá fora, os jardins estavam
cheios de pessoas a passear, sentadas na relva e nos bancos, crianças a correr,
velhinhas a curtir, famílias a falar alto.
O primeiro sol, depois de
muitos dias cinzentos. A luz azul. A luz quente. O ar quente. Alegria. E havia patos bebés.
No espaço do CAM, junto às
peças de Chafes, havia a Narrativa Interior de João Tabarra.
Trabalhos sobre o uso, o poder e as possibilidades
históricas da imagem. Senti
força nas fotografias, também nos filmes, projecções estranhas. Um homem que tenta
segurar entre mãos uma serpente que é uma mangueira. Não
conhecia. Gostei.
E não queria perder Este é o lugar do sul-africano Pieter
Hugo.
São fotografias que nos olham profundamente.
Olhos que nos fixam.
A África subsariana num dia-a-dia desconhecido. Uma outra
pobreza. Uma outra dureza. Marginalidade? O autor diz que são “novas formas de
exprimir a verdade” do continente. Certamente.
As três exposições inspiram. Fazem pensar. Inquietam muito.
Quem somos, afinal?
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