domingo, 11 de outubro de 2015

Assumir.

Ainda não apetecem os dias cinzentos, de chuva e vento. Talvez por estarem demasiado quentes. O que se transpira!

No entanto, apetece rever a roupa do Inverno passado, relembrar casacos e camisolas, comprar coisas novas (para quem pode), mais da moda. 

Ah, e os sapatos da estação? Igualzinhos aos dos anos 70, ou 80, ou 90. Porque não os guardei?

Guardo sim, há muitos anos, uns 20, peças de roupa que foi especial, de excelente qualidade, para um evento particular, que vesti duas ou três vezes. Todas as estações as olho, não experimento e continuo a guardar. Para um dia em que volte a ter cintura fina e menos uns largos quilos. 


A semana passada recuperei umas camisas sedosas do início dos anos 90 que, na época, me ficavam larguíssimas mas agora estão óptimas e na moda. 

Foi neste contexto que resolvi experimentar as tais peças muito boas que andam a ocupar os armários há anos e anos. De que nunca me desfiz. 

Finalmente, resolvi assumir que vai ser difícil voltar a ter menos 10 ou 15 quilos. Que tenho que usar medida L e não M ou S. Que se voltar a acontecer será muito provavelmente por estar doente. Que não sou suficientemente vaidosa para prescindir de  uma boa refeição e um copo de vinho. Ou dois. 

A maior parte das coisas não passava nos braços, no peito, na cabeça, tendo corrido o risco de ficar entalada na minha própria roupa. Meti tudo num saco para dar e ganhei espaço nos armários.

Um recomeço. Lembrei-me da política e dos partidos. É melhor assumir que nada será como antes. 

Vivemos no meio de novas análises e prognósticos, dominados pelos vaticínios de fim deste e daquele como se tudo estivesse igual, como se nada tivesse mudado. Mas não é assim.

A sociedade e os interesses das pessoas mudaram e impõem estruturas diferentes. Situações diferentes. Alternativas. 

Não vai mais haver espaço para as organizações tradicionais, os partidos como foram até hoje. Tal como eu tenho andado a fugir da mudança do meu próprio corpo, muitos protagonistas parecem andar ainda em fuga. 

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