Estamos na época dos três FFF: Futebol,
Festivais e Férias.
Por uns meses, nada mais interessa. Tudo
fica adiado. E adiar é não ter que resolver agora.
As eleições para o Parlamento Europeu interessaram
poucas pessoas, mais ou menos 30% no caso dos portugueses mas, se olharmos para
este gráfico, a maioria dos países europeus não fica muito melhor.
As chamadas ilações destes números foi
uma chamazita que passou rápida como tão bem apreciou
Pacheco Pereira no seu artigo do Público "Aprenderam alguma coisa? Não aprenderam nada".
Por cá, fora dos três FFF, resta apenas
a disputa no PS a desanuviar das coberturas mediáticas dos festivais de música,
da selecção e mundial de futebol e das férias que virão em pouco tempo.
Mais do que nunca, devíamos ser capazes
de ter uma voz activa nas decisões que impactam a nossa vida e o futuro dos
nossos descendentes.
Tenho a sensação que, a cada hora, a cada
dia, a cada semana, a cada mês que passa perdemos a possibilidade de
intervir...
Tinha pensado escrever sobre a incapacidade
dos políticos captarem o interesse das pessoas comuns por comparação com o interesse
suscitado por qualquer dos três FFF.
Como podem aprender a chegar às pessoas
doutra maneira? Ou devemos dar o caso como perdido? Acho que ainda não.
Existem metodologias que permitem criar
empatia e chegar a soluções envolvendo o alvo. Refiro-me ao Design Thinking,
por exemplo. Trata-se de um método do design aplicado ao negócio usado para encontrar soluções inovadoras para e com o cliente
final. Porque não o aplicam os políticos para fazerem a diferença e alcançarem
outros apoios?
Na recente campanha eleitoral, em
Portugal, alguns recém criados partidos, como o Livre, iniciaram-se dum modo diferente e envolveram as pessoas, usando métodos que permitem chegar
a estas e dar-lhes a possibilidade de ter voz.
Mas espanta-me que, nos grandes
partidos, não exista ninguém com experiência em comunicação capaz de aconselhar
a fazer diferente.
Torna-se confrangedor ver arruadas de
meia dúzia de “gatos pingados” ou comícios no modelo clássico em que apenas
assistem os militantes de sempre, ou já nem esses.
No entanto, mais do que nunca antes, existem
excelentes suportes de comunicação e meios para chegar às pessoas sem ficar
refém das coberturas jornalísticas. Estas continuam a fazer o mesmo caminho clássico
que faziam antes. Interrogo-me se por não saberem fazer diferente, por simples
preguiça ou por fazerem parte do esquema montado do poder que funciona em
circuito fechado.
Há dias um amigo enviou-me um mail com
um ficheiro que resumia as 10 constatações que o conhecido pensador americano Naomy Chomsky fez sobre a manipulação das massas.
Foi importante recordar
estes pontos só para confirmar como é realmente assim.
Voltamos ao domínio dos três FFF, ou
seja, a manipulação pura das massas se usássemos a linguagem de Chomsky.
Estas massas deixaram de funcionar enquanto tal para as questões “distantes”
da gestão política dos seus destinos. Anos de propaganda diária com economês,
números, impostos, frieza e indignidade, contribuíram para a sua fuga.
Mas continuam a reagir ao emocional, como o futebol ou os
festivais.
Com um exagero despropositado, é certo, face à sua situação de vida.
Estes temas que apelam ao emocional ligados ao gosto e ao prazer são alimentados, fomentados todos os dias fortemente pela imprensa, sobretudo a televisiva.
Cabe aos políticos, se por acaso
quisessem assegurar o seu futuro, aprender a chegar às pessoas de
modo diferente. Não falta no mercado metodologias, suportes, soluções para o fazerem. Baseadas quase sempre na necessidade de terem uma atitude de humildade e vontade de aprender... o que não costumam aparentar.
Aconselhava-lhes, para começar, dois livros que li há quase 30 anos, quando comecei a trabalhar em comunicação e revi um destes dias ao limpar o pó da estante, que lhes seriam muito
úteis. Não se desactualizaram no essencial.
Abordam a propaganda e a preparação do actor.
Abordam a propaganda e a preparação do actor.
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