quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fazer um bolo.

Esta minha nova vida vai-me surpreendendo. 

É assim. Nunca fui muito devota da culinária. Contrariamente à grande maioria das pessoas, especialmente das mulheres, cozinhar nunca me interessou. Comida mesmo fui e vou fazendo, ainda que sem grandes complexidades. Doces, é que não.

Felizmente, até há pouco tempo, podia comprar deliciosos bolos quando necessário. Para quê fazer eu?


Consegui passar toda a infância do meu filho sem fazer um único bolo, apesar de realizar as obrigatórias festas de anos em que era convidada toda a turma, umas dezenas de "pestinhas" que era preciso entreter e alimentar. 

Lá me fui safando com uns belos bolos de aniversário encomendados na clássica Versalhes. Mais uns salgados que a minha empregada, à época, tão bem fazia, e as sandochas miniatura com batatas fritas. Estava feito.

Felizmente, há vinte anos, as festas dos miúdos não exigiam animações encomendadas nem palhaços nem fadas. 

Alugava-se a sala do condomínio, fazia-se o lanche e a miudagem brincava em correrias entre o espaço interior e o exterior. Felizmente também, para mim, eram na maioria rapazes podendo, assim, parte da tarde ser ocupada com o jogo da bola. 

Para os adultos, o meu pai vinha de Faro especialmente, dois dias antes, e fazia o seu maravilhoso arroz de pato e outras iguarias, como lagosta fingida ou pratos que inventava. 

O meu ideal é sentar-me à mesa sem ter tido qualquer intervenção na refeição. Não quero ver programas na tv sobre "masterchefs" nem revistas de luxo com cozinhados e cozinheiros. Quando em acções de team building, fica tudo muito animado com hipóteses de programas em que se cozinha, fico gélida e faço tudo para o evitar. 

Atenção, isto não quer dizer que não cozinhe bem. E gosto de fazer entradas, pratos com molhos e muitos temperos, escolher queijos e vinhos e, claro, comer!

Voltando ao tema de hoje, os bolos.

Quando fiz um ano, a minha mãe iniciou um ritual familiar que a levaria a fazer quase 200 bolos de bolacha nos últimos 54 anos. Julgo que 189 mais exactamente mas com uns extras, acho que chega aos 200. Sempre no mesmo formato e no mesmo prato. O último foi este de Outubro passado, quando a minha irmã fez 51 anos.


Havia uma superstição, de um eventual azar acontecer na família, se, por exemplo, nos meus anos, em Janeiro, não houvesse o bolo de bolacha da minha mãe. Fosse em restaurante ou não, tinha que ser. Comido em casa ou transportado para o restaurante. 

Até que este ano, decidimos acabar com a tradição.
O ano de 2013 foi bera, coincidência de vários azares, apesar do bolo. 
Por isso, ousámos romper com a coisa. Sobrevivi já 5 meses, vamos ver como corre o resto do ano.

Eis senão quando, agora no início de Maio, nos anos do meu filho, comemorados a meias com os 92 anos da outra avó, me deu uma súbita vontade de aprender a fazer o bolo da bolacha, receita da minha mãe. 
E assim foi, embora acompanhado e feito na casa dela, conforme reportagem fotográfica junta. 


Hoje, atrevi-me a repetir, movida pelo desejo de surpreender o Zé nos seus 60 anos, inventando. Sozinha, aldrabando medidas e receitas. Porque o que me chateia nos bolos é aquilo das gramas e não poder ser a olho!

Sem a vigilância da minha mãe, pude ir roubando com o dedo bocados de creme. Tal como fazia com a massa dos bolos que ainda tentei fazer, no início de casada.

Coloco mesmo a hipótese de começar a fazer um ou outro bolo de vez em quando. Não achei assim tão doloroso... Reabilitei os materiais necessários, adormecidos há décadas na despensa. Até a batedeira moulinex, que me ofereceram quando casei, funciona. 
O perigo é grande.

Finalmente, o meu filho poderá ver satisfeito o seu desejo de ter uma mãe gorda mas que faz bolos, como ele tanto queria na adolescência, decepcionado com a minha falta de dedicação à culinária.

Com apenas dois bolos no curriculum recente, estou longe da perfeição do bolo azul mas, tal como noutras áreas da minha vida, convencida que vou conseguir fazer alguma coisa. Quem sabe, inovar?


6 comentários:

  1. Cristina...nunca tinha visto fazer um bolo sentada, mas até que não é mal lembrado...poupa as pernas!!!!

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  2. Estamos sempre a tempo de aprender e inovar! Eu gosto de fazer quando me apetece e não por obrigação. O que me aborrece é o tempo que se perde na cozinha, mas agora há receitas novas e mais rápidas. Força, estás no bom caminho!!!!

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  3. Estás no bom caminho filhota,mas tens que usar medidas certas.
    Vou tratar do assunto.

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  4. ahahahah! Vai em frente krida! Tu consegues!

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  5. Ahahahahah! Vai em frente krida! tu consegues!

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