sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ainda o medo.

"Do que tenho medo é do teu medo."
                                                                                 William  Shakespeare 


Não que tivesse dúvidas, mas os dias que se seguiram à publicação do último texto, sobre o Eixo do Medo, confirmaram o realismo do que referi.

Em mensagens privadas, colegas e amigos disseram-me que concordavam com o texto mas que não se atreviam a exprimi-lo publicamente.

Isto mostra bem como se vive sob ameaça na sociedade e no meio empresarial, sob a capa do informalismo camarada do tratamento por “tu”, que cria uma falsa intimidade/cumplicidade, e a implementação de marcas modernas e focadas nos benefícios para as pessoas.

Os gestores só mudarão o seu comportamento quando sentirem que essas tais pessoas, os trabalhadores (colaboradores) das suas empresas não têm medo, que ousam dizer o que pensam e são dignas de confiança porque são elas os profissionais que fazem o negócio acontecer e os números crescer.

Enquanto a maioria optar pelo silêncio e pelo “baixar de braços”, por achar que não vale a pena chatear-se pois basta-lhes ir cumprindo os dias e ganhar o salário ao fim do mês, usufruindo dos seus pequenos luxos, achando que a eles nada lhes acontecerá, nada realmente mudará e os que agem doutra maneira serão sempre os incómodos, que perturbam o grupo e “não vestem a camisola”.

As dinâmicas de grupo que levam os indivíduos a comportarem-se socialmente como o chefe, com medo da exclusão, são, no fundo, as mesmas das praxes, quantas vezes com os resultados extremos que conhecemos.

Esse medo entranhado leva as pessoas a atitudes que julguei impossíveis.

“As pessoas sem medo e felizes são muito incómodas. Porque espelham as limitações dos outros, mesmo só com a presença”, escreveu-me hoje alguém que vive fora de Portugal há muito e estuda a gestão e a comunicação nas empresas.

Será?

3 comentários:

  1. Este texto diz tudo o que penso o que sinto e o que constato.

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  2. No seguimento do artigo anterior está muito bom e realista.
    Concordo absolutamente com o que diz o teu amigo que vive no estrangeiro.
    O pior é que as pessoas assim quase sempre pagam caro...

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  3. O " desconforto" permane ao longo de décadas...de geração em geração

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