quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sábado versus Domingo.

Sempre associei o sábado a algo agradável. As possibilidades que se abrem são imensas. Parece que temos todo o tempo do mundo à frente. Tudo é possível, parece.
Enquanto que o domingo remete para algo castrador que sabemos acontecerá algures nesse dia, umas horas mais tarde. O fim do fim de semana. A meio da tarde já começa a formar-se um nó no estômago anunciando o regresso aos deveres.


Dito isto, era sábado e pus-me a caminho. O dia estava azul. Finalmente, luz e sol. Excelente para conduzir estrada fora. Destino desconhecido. Tudo em aberto.

Na rádio, António Costa discursava no Congresso. Gostei. Palavras de força e de esperança, tudo o que não temos tido. Objectivos mobilizadores. Foco nas pessoas. Tom afectivo. Mais um ânimo para o sábado. Aprecio que não fale do déficit e que tenha a sua própria agenda. Podemos ter esperança?

Até ao ultimo fim de semana, devo ter sido dos poucos portugueses que nunca tinha ido a Fátima. Digo isto porque só me conhecia a mim mesma como não conhecendo o local.

Para além da minha falta de fé e crença em qualquer Deus, o milagre fabricado em Fátima significa tudo o que me arrepia na religião. Gato por lebre e mais não digo que tenho muitos amigos crentes que respeito mas compreendo mal.

Nunca tive um motivo para lá ir. Mas este sábado tive, embora sem nada a ver com religião. 
E fui, pondo para trás das costas os preconceitos. Afinal, não é obrigatório ser peregrino para visitar a tal terra.

É tudo muito diferente do que tinha imaginado. Prédios e prédios, não muito altos. E montes de hóteis com nomes religiosos. Aceitável. 

Depois do almoço tardio, já a tarde refrescava e nublava, fomos passear a pé. Finalmente, conheci a tal Cova da Iria, um espaço enorme e aberto, bonito. 

Claro que não senti nada, nenhum chamamento, nenhuma fé. Observei tudo como observo qualquer sítio, religioso ou não, quando vou em turismo.


Gostei da Basílica da Santíssima Trindade, inspirada na arte bizantina, da autoria do arquitecto grego Alexandros Tombazis. Impressionante a arquitectura, com mais de oito mil lugares sentados e uma área de 40.000 m². 
Imponente e rica. Em Fátima sente-se o dinheiro e o seu poder. 

No domingo, o céu estava escuro e chovia, não contribuindo em nada para diluir a tristeza do dia. Apesar disso, deu para visitar o castelo de Ourém e a sua vila medieval. E desejar voltar. Almoço na aldeia Pia do Urso. Comida tradicional, farta e boa.  O passeio foi curto que chovia bem.


Fim de semana de despedida, de ponto final, com a sensação de não o ser. Tudo fechado. 

Afinal, era domingo. Voltei para Lisboa com a luz fraca da tarde, quase noite. 
O carro cheio de tralha. Música e pensamentos. Que ano. Uma sensação de vazio. Um aperto de perda.

Estamos sempre a recomeçar. Tudo fechado ou tudo aberto? 

3 comentários:

  1. recomeçar não existe! nem que seja um minuto depois, o nosso ponto de partida é sempre diferente e por isso, Começamos! é sempre um Começo, com pessoas e/ou contextos parecidos (nunca iguais, porque também aí passou uma partícula de tempo) !
    P.S. Gosto muito dos teus textos

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  2. Obrigada pelas tuas palavras, São. Tens razão, a palavra certa é começar! Beijinhos

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  3. Para mim o sábado deixou de ser 1 dia agradável. Agora é o dia da "descida ao inferno"... a vida é mesmo assim !
    Vamos vivendo 1 dia de cada vez...

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