quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sophia.



Abri o volume da Obra Poética de Sophia de Mello Breyner Andresen ao acaso.

É um livro que tenho na minha mesa de trabalho como outros preferidos.

Página 199, Ouve.





Ouve:
Como tudo é tranquilo e dorme liso;
Claras as paredes, o chão brilha,
E pintados no vidro da janela
O céu, um campo verde, duas árvores.
Fecha os olhos e dorme no mais fundo
De tudo quanto nunca floresceu.

Não toques nada, não olhes, não te lembres.
Qualquer passo
Faz estalar as mobílias aquecidas
Por tantos dias de sol inúteis e compridos.

Não te lembres, nem esperes.
Não estás no interior dum fruto:
Aqui o tempo e o sol amadurecem.

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