sábado, 22 de fevereiro de 2014

Sem sono.

Já tinha apagado a luz. Já são duas e meia da manhã mas o sono não vem. Uma série de coisas a assaltarem-me o espírito... 

Os portugueses, as excepções que desculpem, mobilizam-se freneticamente por causa dum plano do mais absoluto bom senso como fazer passeios sem calçada portuguesa em zonas não históricas. 
Porque é que o meu bairro, fora do centro histórico, ou a zona do Parque Expo, há-de ter passeios aos altos, todos tortos, impossível para fazer circular uma cadeira de rodas, quando podia não ter? 
A facilidade com que se anda quilómetros, mesmo com saltos, em Londres ou Nova Iorque. 
Há 10 anos torci o pé direito na rua Joaquim António de Aguiar, acabou por ser mais do que isso pois ficou para sempre a marca provocada por um grupo de pedras soltas da dita calçada. A juntar, os muitos mais tombos e jeitos que dei porque gosto de andar a pé pela cidade. Apesar de fisioterapia e tratamento, fiquei sempre com uma fragilidade na pena direita que me provoca dor quando ando mais que 7 ou 10 km ou me apoio no joelho direito para subir uma serra. 

Os portugueses ouvem o "cara de porcelana" Luís Montenegro, um dos propagandistas do poder, dizer seraficamente que o país está melhor embora os portugueses tenham uma vida pior e ficam-se. 
Ouvem o governo dizer que os cortes nas pensões vão ser definitivos e nem tugem.
Esta noite, na RTP 1, vi uma reportagem sobre o "trabalho socialmente necessário e de carácter obrigatório" que o IEFP proporciona aos desempregados, durante um ano. Pago a metade ou a um terço do valor real, se fosse a um trabalhador normal. Um branqueamento dos números e uma indignidade para quem tem que aceitar e o dever de ficar feliz por o ter...


Há muito mais. No Facebook, qualquer tema tonto e superficial, como a foto duma cozinhado ou dum gato, tem inúmeros likes mas um qualquer texto da Unicef sobre uma crise humanitária em que já morreram milhares de crianças, nenhum. 

Esta semana passei duas vezes, a meio da tarde, pelo Jardim do Campo Grande. Grupos de jovens de caras pintadas e penicos na tola faziam flexões e outros exercícios no chão, mandados por uns quantos capas negras de colher de pão na mão. Não deviam estar a estudar!? Ou a cultivar-se para estarem preparados para o futuro competitivo e global que os espera? 
Ali a uns metros, a excelente exposição dos 50 anos da Galeria 111 estava vazia. 

Deve ter sido este baixar de braços e o medo individual incutido no dia-a-dia que permitiu que um velho solteiro e perverso governasse o país ditatorialmente durante 40 anos.



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