domingo, 23 de novembro de 2014

A minha tarde de domingo.

Há dias que andava em pulgas para comprar o último livro da Alexandra Lucas Coelho. Gosto de tudo o que escreve e, depois de ter lido as entrevistas que deu e ter percepcionado a história do novo livro, fiquei de água na boca. Tudo a ver comigo. 

Ontem vi algures que o livro tinha 5 estrelas. Tinha que o ter, até porque estava a três páginas do fim da Teoria dos Limites, de Maria Manuel Viana. E é sempre tramado sair duma leitura de que se gosta e entrar noutra. Quantas vezes desisto de um livro porque o anterior deixou marcas tão profundas que a seguir nada interessa. 

Por isso, senti que só O Meu Amante de Domingo podia encaixar agora. E não me faltam novos livros em espera. A forte contenção de custos que pratico quase há um ano só é ameaçada pelo impulso irresistível dos livros. 

Passei a manhã a arrumar as gavetas fundíssimas da cómoda, as das meias e da roupa interior. Esvaziar tudo, passar a pente fino, rever, seleccionar, dobrar e rearrumar. Tarefa que detesto. Estava para fazer isto há mais de cinco anos... Foi esta manhã. Não liguei o computador, não fiquei a ler os jornais na mesa da cozinha depois do pequeno-almoço, não fui caminhar nem andar de bicicleta. Não, portei-me super-bem e tratei das meias. Dos collants, por cores e espessura. Das meias de desporto. Das meias de lã até ao joelho. Das meias de lã mais pequenas. Das de algodão. Das de fantasia que nunca uso. Das repetidas. Das leggins que não sabia ter. Ufa!

Quando acabei, ao fim de duas horas, as costas doíam mas o dever estava cumprido. Até daqui a cinco anos, no mínimo!

Chovia, como sempre. À hora do almoço, quase não se via dentro de casa e o ímpeto para ficar abrigada era algum. Mas não, O Meu Amante de Domingo urgia. 

E precisava sair, respirar, sentir a cidade depois dos acontecimentos sinistros dos últimos dias. 


Equipei-me à maneira, gabardina, galochas, chapéu, chapéu de chuva, mochila. Pronta para caminhar depois do metro.

Fui até ao Chiado, directa à Bertrand. Que está toda mudada, com mais espaço, com menos livros, sem graça, sem o ar old fashion de antes. Até isto! O que nos restará?

Descansei. O livro estava lá, capa vermelha, edição Tinta da China. Objectivo atingido. Dinheiro certo. Olhar sem desvios. Uma volta pela rua à chuva e regresso ao metro, noutra linha, para a visita dominical à mãe.

Foi assim que percorri a Estrada de Benfica, do Jardim Zoológico ao Califa, a pé, defendida do cinzento molhado dos pés à cabeça. Há quantos anos não fazia este percurso a pé? Trinta e alguns.

O palácio do Conde de Farrobo, A Colmeia, o Arabesco, a rua dum namorado, o Sr. Manuel dos biscoitos. Ninguém na rua. Nem eram cinco.

Que sede, mais um bocadinho e um chá preto quentinho. É bom ter mãe e ter esta que é a minha. Claro que as calorias foram repostas por alguns Esses, os melhores biscoitos de sempre. 

De volta a casa, oiço a banda sonora do Hable con Ella e escrevo. 
Anseio pela noite, ultrapassados os telejornais, as detenções, os comentários, quando me deitar na minha caminha e me puser a ler O Meu Amante de Domingo! 



2 comentários:

  1. Relatório completo do teu domingo.
    És mesmo capricórnio.Quando metes uma coisa na cabeça nada te para.
    Boa leitura do livro.

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  2. depois dá-me a tua opinião sobre o livro...mts bjnhos

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