quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Da Coruña ao País Basco.


Foi com algum espanto que descobri o desenvolvimento da costa norte de Espanha, da Coruña ao País Basco, passando pelas Astúrias e Cantábria, descendo depois por Castela e Leão, em direcção a Portugal.

Senti sobretudo que eram cidades e locais focados na qualidade de vida das pessoas. Dos cidadãos. Dos habitantes. 

Infra-estruturas, apoios diversos para tornar agradável e fácil a vida do dia-a-dia.

Pode até não ser tanto assim mas foi o que experienciei. Mobilidade e acesso para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, permitindo-lhes grande autonomia.

Apoio a idosos e a crianças com facilitação dos espaços, bem cuidados e preparados, sem discriminar ninguém.

Vi novos e velhos na rua, a beber um copo e a comer umas tapas. É certo que sempre foi assim em Espanha, norte ou sul, mas agora senti-o muito mais, talvez por, apesar de todas melhorias das nossas cidades, não haver este convívio diário, feito por pobres e ricos, por toda a gente. 

Ninguém fica em casa.

Pude percorrer os centros destas cidades - fiz entre 8 e 10km a pé por dia, talvez mais - sem tropeçar em pedras soltas ou cair num buraco inesperado. 

Podia tê-lo feito de bicicleta com toda a segurança pois todas as cidades onde estive - A Coruña, Santander, Bilbau, San Sebástien, Vitória, Burgos e Salamanca - têm redes de ciclovia a sério, continuadas e respeitadas pelos condutores de veículos automóveis.

São cidades feitas para serem usufruídas pelos seus moradores. Dá gosto.

Alguém me dizia que os espanhóis vivem na rua e, por isso, têm que a ter tão confortável como um lar.

O clima nem sempre é aprazível mas isso não é obstáculo. Há subidas e descidas, colinas, algumas bem puxadas, como é o caso de Santander, onde as ruas mais inclinadas nas zonas antigas têm escadas rolantes para ajudar a subida.

Para além disto, a cultura. Especialmente no País Basco, a arte está nas ruas, nos jardins, faz parte da vida das pessoas. A arte em espaços abertos é uma das características de San Sebastián, podendo admirar-se obras de grandes artistas como Eduardo Chillida e Jorge Oteiza.

E a razão inicial da minha viagem, o Guggenheim de Bilbau que é espectacular. E o Museu de Belas Artes de Bilbau que é maravilhoso. Não desiludiram. Antes espantaram. Adorei.

E que dizer dos pintxos de Bilbau? Ou de San Sebastián

Gostei de tudo nesta viagem. A mistura perfeita do antigo e do moderno. 
Descobrir Burgos, rever Salamanca, conhecer Santander, voltar à Coruña, mas o País Basco é para voltar. 

Faltam as montanhas e a costa fora dos centros. Faltam Guernica e Portugalete e muito mais.

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