quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O incómodo dos velhos.




Vinha agora no carro a ouvir as notícias das 14h e a notícia atingiu-me em cheio. 

Afinal, o problema da falta de camas e do caos nos hospitais é todo causado pela chatice dos velhos. 

Estão a tentar passá-los rapidamente para lares de apoio aos hospitais mas não estão a conseguir despachá-los. Porque o governo fechou quase todos estes estabelecimentos na sofreguidão da redução cega de custos.

Esta conversa mete nojo. 


Tinha acabado de deixar a minha mãe e a sua amiga Lurdes na Alexandre Herculano, para uma visita ao médico. Ambas saudáveis, nos seus 79 e 88 anos, respectivamente. Ambas a viverem nas suas casas com o apoio e carinho dos filhos. Rimos de qualquer coisa banal no caminho. Rimos dos tutoriais em que participaram para o Canal Q e como deviam voltar a repetir a experiência.


A minha mãe proibiu-me de ficar no médico e entrar com ela na consulta. Porque a seguir vão beber um chá, fazer um programa.

Ontem partilhei aqui um texto delicioso do blog do Guilherme Duarte, uma sátira às urgências que poderia parecer um exagero, qual Charlie Hebdo tuga.


Mas não é. Os factos provam cada vez mais o exercício de uma política de extermínio dos velhos. Que só atrapalham o sistema. Na saúde, na segurança social, nas passadeiras, nas casas.


Eles, os velhos, sentem-no na pele, entre a tristeza de se sentirem um fardo e a superior indiferença do desprezo por gente que um dia destes também será velha...

2 comentários:

  1. É a realidade.
    Ser velho pode ser um incómodo para os outros,mas é muito mais para os próprios.

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  2. VELHO= SER HUMANO.
    SAÚDE EM PORTUGAL = DESENVOLVIMENTO DO PAÍS...Está tudo dito!

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